Espero que você esteja gostando do nosso site. Conheça os psicólogos que atendem em São Paulo presencialmente e também online por videochamada. Autor: Renata Visani Gaspula - Psicólogo CRP 06/72421
Você já pode ter percebido que o modo de vida dos jovens da atualidade é bem diferente do modo de vida do passado.
De uma perspectiva biológica, pouco mudou.
O processo de puberdade, que acontece através da liberação dos hormônios sexuais e acarreta mudanças tanto no corpo físico quanto no controle emocional e no comportamento, continua o mesmo.
Pela ótica da psicologia, no entanto, pode-se perceber muitas mudanças na maneira como a adolescência é vista e vivida atualmente.
O conceito de adolescência tido como ‘normal’ a alguns anos atrás não se encaixa mais no modelo da sociedade atual.
Esse fenômeno é comum uma vez que as fases da vida são acompanhadas por conceitos, tradições e normas sociais correspondentes às diferentes épocas.
Por conta disso, hoje se fala muito em adolescência tardia, mas o que, de fato, é esse fenômeno e como ele afeta a vida dos jovens e adultos?
O post de hoje propõe explorar esse tema.
O que é adolescência tardia?
A fase da vida a qual chamamos de ‘adolescência’ passou por várias transformações ao longo dos anos.
Os adolescentes nem sempre puderam aproveitar esse período de despreocupação e de mínimas responsabilidades.
Eles começavam a trabalhar cedo e tinham vidas de adultos.
Com o passar dos anos, os adolescentes foram ganhando mais liberdade para se dedicarem ao estudo e às questões da adolescência.
E, hoje, devido às mudanças que a nossa sociedade passou nos últimos 20 anos, o conceito de adolescência se modificou mais uma vez.
A transição da adolescência para a vida adulta pode se prolongar até os 25 anos ou mais.
Os jovens estudam por muito mais tempo e, consequentemente, permanecem na casa dos pais por um período mais longo.
Enquanto era comum constituir uma família entre os 20 a 28 anos (ou mais cedo ainda) no passado, hoje percebemos que esse fenômeno está acontecendo mais tarde.
Outro fator que contribuiu para a chamada ‘adolescência tardia’ é o aumento da expectativa de vida.
As pessoas vivem mais hoje, podendo chegar aos 90 anos ou mais.
Consequentemente, os períodos correspondentes à adolescência e vida adulta se prolongaram.
O que se tem notado em meio a tudo isso é um crescente receio de assumir responsabilidades da vida adulta.
Esse medo não se estende somente à necessidade de trabalhar para pagar as contas, como veremos a seguir.
O que causa o medo de crescer?
O mundo dos adultos é repleto de responsabilidades. Trabalhar, pagar boletos, honrar compromissos que nem sempre são agradáveis, tomar decisões difíceis, cuidar dos filhos, gerenciar o relacionamento ou casamento, organizar e limpar a casa…
Muitas vezes é preciso sacrificar momentos de lazer e vontades para conseguir dar conta de tudo.
A perspectiva da vida adulta pode ser assustadora para alguns jovens, principalmente para quem não precisou assumir muitas responsabilidades durante a adolescência ou foi superprotegido pelos pais.
Em ambos esses casos, falta conhecimento sobre a vida, as relações interpessoais e o funcionamento básico da sociedade, como, por exemplo, a realização de processos burocráticos.
Essa lacuna de conhecimento gera ansiedade, medo e insegurança.
Um jovem nessa situação pode pensar que não tem capacidade para administrar tantos fatores, então, inconscientemente, ele foge das responsabilidades da vida adulta.
Esses sentimentos conflituosos podem afetar as suas decisões acerca de qual profissão seguir e a sua autoimagem.
O medo de crescer também pode ser uma consequência de uma infância ou adolescência mal vivida.
Traumas, experiências negativas (como bullying e morte de um ente querido), ambiente familiar opressivo e baixa autoestima, que faz o indivíduo evitar certas experiências e relacionamentos, prejudicam o aproveitamento da juventude.
Dessa maneira, quando o adolescente se torna um jovem adulto, sente que não aproveitou partes essenciais da sua vida.
Assim, ele tenta recriá-las no presente, alongando o período da adolescência.
Além disso, devido às mudanças sociais já mencionadas, alguns jovens adultos não passam pelas mudanças psicológicas esperadas durante a adolescência.
O desenvolvimento da inteligência emocional, então, fica prejudicado.
Isso leva esses jovens a preservarem uma idade mental incompatível com a sua realidade, por isso, são vistos como “infantis”.
Afinal, o que é certo?
Quase sempre nos deparamos com questionamentos acerca de qual modo de vida é o mais correto.
Pessoas mais velhas acusam os jovens de serem “atrasados”, “folgados” ou muito “sensíveis” para a idade porque, na época da sua juventude, as coisas eram feitas de um jeito diferente.
Não existe certo e errado. Nenhum estilo de vida é mais adequado que o outro e cada um tem seus pontos positivos e negativos.
Esse tipo de discussão tira o foco do que é realmente importante: solucionar problemas que causam insatisfação, estresse e infelicidade.
A adolescência tardia é uma questão social complexa que impacta o estilo de vida dos jovens de múltiplas maneiras, bem como a sua saúde mental.
Logo, é importante compreendermos os fatores associados a ela quando falamos sobre o assunto.
Como lidar com o medo da vida adulta?
O medo de crescer não pode ser ignorado! À medida que os anos passam a tendência é que novos desejos, sonhos e planos surjam.
A insegurança e o receio de assumir responsabilidades da vida adulta se tornam empecilhos para esses projetos.
O jovem fica estagnado e tem a sensação de estar perdido, sem rumo.
Pensando nisso, separamos três dicas para ajudar a lidar com o medo da vida adulta.
1. Faça terapia
Se você tem receio de falar sobre o medo da vida adulta por conta do julgamento alheio, saiba que não precisa se sentir assim ao conversar com um psicólogo.
Esses profissionais estão sempre atentos às mudanças da sociedade uma vez que elas impactam todas as áreas da vida das pessoas.
Por isso, o seu entendimento de uma gama de problemas sociais, valores, crenças e estilos de vida é vasto.
Sendo assim, se você sente que não consegue sair do lugar e sofre com a pressão exercida por familiares e outros indivíduos para prosseguir, é uma boa ideia procurar um psicólogo.
A terapia pode ajudar jovens adultos a compreenderem o momento em que estão passando, qual é o seu papel no mundo e o que podem fazer para sair da zona de conforto.
2. Ajuste as suas expectativas
Na adolescência, é comum sonhar com o dia em que se terá liberdade para fazer o que quiser e não precisar dar satisfação aos pais.
Quando o adolescente se torna um adulto, ele começa a perceber que as suas idealizações não correspondem à realidade.
É normal passar por muitas decepções acerca da faculdade, do trabalho e dos relacionamentos no início da vida adulta por conta disso.
Então, para aproveitar melhor o presente, procure ajustar as suas expectativas.
Analise a sua realidade e reflita, realisticamente, sobre o que você tem a ganhar com ela.
Sim, a vida adulta é marcada por compromissos que às vezes parecem infindáveis, mas também abre portas para um mundo de novas experiências e possibilidades únicas.
Quando você passar por uma experiência com capacidade de abalar a sua visão de mundo e plantar dúvidas na sua cabeça, reflita sobre o ocorrido e as expectativas que você guardava sobre ele.
Em seguida, enumere quais pensamentos o ajudariam a reduzir a decepção sobre aquele acontecimento, bem como sobre ocasiões futuras semelhantes.
3. Dê um passo de cada vez
Uma das razões pelas quais os jovens adultos se sentem ansiosos são as cobranças incessantes para ter sucesso, trabalhar mais, estudar mais, casar, constituir família, comprar uma casa, entre outros.
Embora esses objetivos de vida sejam todos viáveis, o processo para alcançá-los é vagaroso.
Hoje, as pessoas levam mais tempo para atingir a liberdade financeira.
Em meio a esse mundo acelerado, se permita dar um passo de cada vez.
Ao identificar ambições, é possível traçar planos para alcançá-las e, eventualmente, levar uma vida alinhada com os seus ideais.
No entanto, você não vai conseguir mudar a forma como você pensa, age e vive da noite para o dia.
O processo de mudança demanda tempo, mas, aos poucos, você vai chegar lá.
Assuma poucas responsabilidades e compromissos, sem pressa.
Ao contrário do que nos é ensinado, a vida não é uma corrida.
Você pode fazer as coisas do seu jeito e no seu tempo, visando atingir os seus objetivos da maneira que faz mais sentido para você.
Mas, não fuja de responsabilidades.
Tome o seu tempo para agir, mas não deixe de fazer isso!
Adiar o problema não vai fazer com que ele desapareça ou fique mais fácil de lidar.
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Autor: psicologa Renata Visani Gaspula - CRP 06/72421Formação: A psicóloga Renata Visani é formada em Psicologia há mais de 15 anos. Atualmente, cursa mestrado em Psicologia Clínica e da Saúde na Universidade do Algarve em Portugal e é pós-graduada em Neuropsicologia, PNL (Programação Neurolinguistica) e atende também através da Psicanálise.